André Rizek e o mundo do
Jornalismo esportivo
O
jornalista esportivo André Rizek, de 39 anos, é apresentador do programa Redação
SporTV e já foi chefe de redação da emissora em São Paulo. Ele, que entrou
na faculdade em 1993, diz que decidiu prestar Jornalismo em cima da hora e
considera que teve uma formação fraca. “Sou pessoalmente contra a
obrigatoriedade do diploma.
Temos grandes jornalistas, como o Juca Kfouri, que não são formados no curso”,
diz.
Como
muitos estudantes da área, André achava que trabalharia com cultura. “No
começo, eu achava que seria um grande intelectual da imprensa. Acabou que só trabalhei
um mês com cultura e logo pulei para esporte”, conta ele, que participou da
cobertura de três Copas do Mundo. Além de ter trabalhado na revista Placar
e no SporTV (onde está até hoje), também foi repórter de política na revista
Veja, para a qual fez várias reportagens como jornalista investigativo. Em
2005, assinou a matéria de capa na revista sobre a “Máfia do Apito”, que lhe
rendeu grande prestígio e alavancou seu nome. “O plano de carreira no
Jornalismo é muito confuso. O repórter cresce de acordo com as reportagens de
peso que escreve, o que dá credibilidade e faz com que as oportunidades
surjam”, explica. Depois da reportagem, os convites para trabalhar na televisão
começaram a surgir.
Embora o
jornalismo esportivo atraia muitas pessoas que gostam de esporte, mas não
pretendem se tornar atletas, esse não é o caminho recomendado para torcedores
muito ardorosos de um time. “O jornalista esportivo tem que estar preparado
para se emocionar com a história do seu rival também. Quando o Brasil
perdeu para a Alemanha na Copa, o repórter que fez a cobertura teve que engolir
a emoção e contar o porquê do sucesso da Alemanha”, diz, contando que ele mesmo
teve o seu momento de fraqueza, quando o Brasil perdeu para a França na final
da Copa de 1998. “Você pode ser santista, corinthiano, flamenguista, o que for.
É preciso se perguntar: terei a frieza de contar a história do meu rival? Se
não, é melhor procurar outra profissão.”
Por outro
lado, engana-se quem pensa que o trabalho do jornalista esportivo se resume a
coberturas de jogos. O Jornalismo em si é uma profissão bastante versátil,
e no esportivo não seria diferente. Se algum jogador
for pego em um exame antidoping, o jornalista deve estar preparado para falar
sobre a droga específica e o seu efeito. Se houver algum escândalo de corrupção
com algum juiz, o jornalista vai fazer uma cobertura semelhante à que faz um
repórter de política.
Além
disso, os próprios países-sede dos eventos também podem render bastante pauta.
“Quando eu cobri a Eurocopa da Polônia, em 2012, o país estava enfrentando uma
série de conflitos com os russos. Não tinha nada a ver com esporte, mas
tínhamos que estar preparados para contar aquela questão diplomática”, explica
Rizek. “As informações precisam ser contextualizadas. Não podemos só falar do
jogo. Temos que mostrar o país que está sediando e como são as pessoas que
vivem por lá”, diz.
Outra
questão é o machismo ainda fortemente impregnado no mundo esportivo. Se
há poucas mulheres atuando na arbitragem do futebol masculino, é quase possível
dizer o mesmo do jornalismo esportivo. Rizek, no entanto, acredita que a
situação já foi muito pior para as jornalistas da área. “Apesar de elas não
apareceram tanto na linha de frente quanto os homens, os bastidores das
redações já têm bastantes jornalistas mulheres”, conta, apesar de ressaltar que
a situação, mesmo que melhor, ainda está longe do ideal.
Problemas
à parte, ele se diz apaixonado pelo que faz. “O legal do Jornalismo é não
ter rotina. Cada dia você pode fazer alguma coisa diferente, entrevistar
pessoas diferentes. O mais importante é gostar muito de contar histórias.”
Fonte Trabalho: http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/especial-carreiras-desafios-jornalismo-799386.shtml / Data de acesso: 09 de setembro de 2014 / Horário de acesso: 21:20
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